Deputados questionam Denatran sobre fim de multa para quem transportar criança sem cadeirinha

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Comissão que analisa mudanças no Código de Trânsito realizou audiência nesta quinta-feira

Deputados questionam Denatran sobre fim de multa para quem transportar criança sem cadeirinha

10/10/2019 - 18:24  

Deputados da comissão que analisa mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (Projeto de Lei 3267/19) questionaram o diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Jerry Adriane Dias Rodrigues, sobre a proposta de fim da multa para o condutor que transportar crianças sem a cadeirinha. A medida é um dos pontos previstos no projeto, de autoria do Poder Executivo.

O diretor do Denatran afirmou que as normas sobre as cadeirinhas estão apenas sendo adequadas após decisão do Supremo Tribunal Federal (ADI 2998).

"Recentemente, houve uma decisão do STF que considerou inconstitucional uma parte do Código de Trânsito que permitia ao Contran [Conselho Nacional de Trânsito] criar infrações. Embora possa parecer estranho, a infração sobre cadeirinha não está no Código de Trânsito. Está prevista em uma resolução. O código fala tão somente sobre a obrigatoriedade do transporte de crianças no banco traseiro”, disse Rodrigues.

Hoje, quem comete esse tipo de infração é punido com multa de R$ 293,57 e sete pontos na carteira, além da apreensão do veículo. A proposta em análise na comissão mantém a retenção, mas dá apenas uma advertência ao infrator. A justificativa da proposta é dar um caráter mais educativo.

Mortes no trânsito
Após dez anos de vigência da resolução do Contran de 2008, que estabeleceu o uso de cadeiras especiais para crianças, conforme a idade, houve redução de 12,5% nas mortes de crianças de até 9 anos de idade. Já o número de internações de crianças caiu 18%. Como a frota de veículos no Brasil cresceu em 77% no período, a redução foi muito maior.

Apesar dessa redução, a gerente executiva da organização não governamental Criança Segura, Vania Schoemberner, apresentou dados atuais que ainda podem ser considerados assustadores.

“Por dia, morrem mais de 10 crianças em acidentes. Só no trânsito, são 3 crianças por dia. Isso tendo a penalidade [pela falta de cadeirinha] há dez anos. Se a gente tira a penalidade, pode aumentar muito o número de acidentes, que já é grande, e ter mais crianças morrendo e sendo internadas vítimas de acidentes de trânsito”, disse Schoemberner.

Para o deputado Mauro Nazif (PSB-RO), o projeto dá muito foco à desburocratização e à flexibilização, mas esquece da segurança à vida. Ele afirmou que o governo deveria retirar a proposta e discutir o tema com todas as partes relacionadas ao trânsito.

"Aqui não está sendo discutido qual é a segurança para as pessoas que andam dentro de um veículo, para o pedestre e para os ciclistas, então esqueceram de discutir a vida. Só estão discutindo aqui como o Denatran vai aperfeiçoar o seu sistema", declarou Nazif.

Desligamento de radares
Já o deputado Fábio Henrique (PDT-SE) apresentou à comissão dados da página SOS Estradas sobre o afrouxamento de fiscalização após o desligamento de 2.500 radares nas rodovias federais: até o final de março, houve 21% acidentes a menos do que no mesmo período de 2018. No primeiro trimestre, houve 90 mortes a menos do que no mesmo período do ano passado. Nos quatro meses seguintes, sem os radares, houve 46 mortes a mais.

“Isso aqui são dados, dados não são de cor vermelha, ou azul, não são de esquerda ou direita. Esses dados devem ser analisados pelo governo e não é vergonhoso retroceder às nossas decisões. Vergonhoso é continuar errando”, afirmou o parlamentar.

Entre outras mudanças trazidas pelo projeto está uma gradação com multa menor para quem usa capacete fora das especificações; e o foco de multas nas condutas mais graves e não em infrações administrativas, como a falta de documentos e atualização do cadastro.

Na semana que vem, a comissão que analisa o projeto promoverá audiência pública sobre habilitação e os exames de aptidão física e mental, com representantes do Denatran, da Associação Nacional de Detrans, da Associação Nacional de Clínicas de Trânsito e de outras duas associações, a Abramet e Abrapsit, que são as associações brasileiras de medicina do trânsito e de psicologia de tráfego.

Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Pierre Triboli -  Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Por uma Justiça eficiente

  PEC dos Recursos aumenta a segurança jurídica Por Cezar Peluso   Minha proposta de emenda constitucional conhecida como PEC dos Recursos ataca frontalmente dois dos mais graves, se não os dois mais graves problemas do sistema judicial brasileiro: a lentidão dos processos e a...

CNI contesta obrigatoriedade imposta à indústria automobilística

Segunda-feira, 06 de junho de 2011 CNI contesta obrigatoriedade imposta à indústria automobilística   A obrigatoriedade de inserção de uma mensagem de caráter educativo na publicidade de produtos da indústria automobilística, introduzida no Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97)...

No futebol o STJ fica no banco

05/06/2011 - 10h00 ESPECIAL STJ coloca time de ministros em campo para decidir sobre o mundo do futebol Não é só entre as balizas que os juízes definem o resultado do jogo. Quando o meio de campo embola, outros juízes têm que entrar na partida com bem mais que um apito e 17 regras. No mundo do...

Brasil triplica agricultura sem desmatar mais

06/06/11 - 00:00 > AGRONEGÓCIOS Brasil triplica agricultura sem desmatar mais Daniel PopovBruno Cirillo São Paulo - O Brasil pode triplicar sua produção agrícola sem a derrubada de uma única árvore. Nos últimos 25 anos, a produtividade agrícola deu um salto enorme no País: a do feijão cresceu...

"Processo eletrônico exclui cidadão do Judiciário"

OAB denuncia: processo eletrônico caótico exclui cidadão do Judiciário Belo Horizonte (MG), 03/06/2011 - O Colégio de Presidentes do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) denunciou hoje (03) o fato de o processo eletrônico estar excluindo o cidadão da Justiça brasileira. Em...