Eunício sobre o Código Penal: a sociedade não quer liberar a maconha

03/07/2012 - 18h23 Comissões - Constituição e Justiça - Atualizado em 03/07/2012 - 18h24

Eunício sobre o Código Penal: a sociedade não quer liberar a maconha

Gorette Brandão

O presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse nesta terça-feira (3) considerar importante o equilíbrio entre o pensamento técnico e o sentimento da opinião pública na hora de votar o novo Código Penal. Assim, conforme o senador, o anteprojeto da Comissão de Especial de Juristas precisa agora ser debatido amplamente com a sociedade.

- Ali [na Comissão de Juristas] foi o contexto das sugestões técnicas, por meio do trabalho de juristas renomados, com bom resultado. Mas não significa que todos os pontos serão acatados e que outros não possam ser incluídos – observa.

Eunício Oliveira já definiu os senadores que, na esfera da CCJ, vão analisar o anteprojeto. Sob a coordenação do próprio Eunício Oliveira, o grupo de trabalho será formado por Pedro Taques (PDT-MT), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Jorge Viana (PT-AC).

A sociedade será ouvida em audiências públicas e também poderá encaminhar sugestões por mensagens eletrônicas, assegura o presidente da CCJ. Com base em seus contatos públicos, o senador afirma que muitos pontos do anteprojeto devem gerar controvérsias. Como exemplo, o senador destaca a proposta de descriminalização da droga para consumo pessoal.

- Acho que a liberação da maconha não é importante para a sociedade brasileira. Eu não venho recebendo esse feedback – comentou.

Pelo anteprojeto, o porte para consumo próprio deixa de ser crime até uma quantidade para o uso médio de cinco dias. Não haverá também crime no plantio e colheita de quantidade para consumo pessoal. O uso em locais com presença de crianças e jovens, no entanto, pode ser causa de prisão.

Maioridade penal

Indagado sobre pontos que ficaram de fora, mas que devem surgir com força a partir da sociedade, Eunício Oliveira destaca a questão da maioridade penal. Ele próprio considera necessária uma revisão do princípio vigente, em que a maioridade penal se dá a partir dos 18 anos de idade

- O Código atual é de 1940, quando um garoto de quinze anos ainda usava calça curta. Não havia a internet e todo o grau de informação que hoje contribui para a formação do discernimento – opina.

Para o senador, a redução da criminalidade não depende apenas de revisão das normas penais. Ao mesmo tempo, assinalou, o país precisa investir na reforma do sistema prisional. Ele defende a construção de presídios agrícolas em regiões áreas remotas, nos quais os presos se mantenham ocupados, trabalhando para seu autosustento.

- Hoje o sistema penal não recupera ninguém. Ao contrário, degenera o preso – comentou.

Calendário

Conforme previsão do senador, as atividades do grupo de trabalho devem entrar em ritmo mais regular no segundo semestre, depois das eleições de outubro. Do ponto de vista regimental, o anteprojeto nem precisaria passar pela CCJ antes de ir a Plenário. Por se tratar de anteprojeto de comissão externa, bastaria o parecer de uma comissão especial de senadores, que ainda está por ser designada.

No entanto, não é a primeira vez que a CCJ se inclui no debate de anteprojetos de códigos de comissões externas. Eunício considera que matérias dessa natureza não podem passar na Casa sem a avaliação da comissão que detém a competência sobre os temas jurídicos.

 

Agência Senado

 

Notícias

Erro essencial? Juíza nega anular casamento por doença mental da esposa

Caso de divórcio Erro essencial? Juíza nega anular casamento por doença mental da esposa Homem alegou que se casou sem saber de problema psiquiátrico, mas juíza não viu requisitos do CC para anulação. Em vez disso, concedeu o divórcio. Da Redação segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025 Atualizado às...

TJ-MG concede a quebra de sigilo bancário em uma ação de divórcio

Cadê o dinheiro? TJ-MG concede a quebra de sigilo bancário em uma ação de divórcio 4 de fevereiro de 2025, 19h12 Ao decidir, o desembargador entendeu que estavam presentes no caso os requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil para a concessão de pedido liminar: probabilidade do direito e...

STJ: Partilha em que filho recebeu R$ 700 mil e filha R$ 39 mil é nula

Doação inoficiosa STJ: Partilha em que filho recebeu R$ 700 mil e filha R$ 39 mil é nula Relatora, ministra Nancy Andrighi, ressaltou a necessidade de respeitar a legítima dos herdeiros. Da Redação terça-feira, 4 de fevereiro de 2025 Atualizado às 18:04 STJ declarou nula partilha em vida realizada...

Planejamento sucessório: o risco da inércia da holding

Planejamento sucessório: o risco da inércia da holding No universo do planejamento sucessório, a ferramenta que certamente ganhou mais atenção nos últimos tempos foi a holding. Impulsionada pelas redes sociais e por um marketing sedutor, a holding tornou-se figurinha carimbada como um produto capaz...