Unger defende novo modelo de desenvolvimento com qualificação do ensino

Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados - Mangabeira Unger: modelo de desenvolvimento baseado em consumo se esgotou

02/07/2015 - 12h23

Unger defende novo modelo de desenvolvimento com qualificação do ensino

Estratégia também teria foco na ampliação das oportunidades produtivas

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, defendeu uma nova estratégia de desenvolvimento para o Brasil, baseada na qualificação do ensino básico e na ampliação das oportunidades produtivas. Ele participou de comissão geral no Plenário da Câmara, na manhã desta quinta-feira (2).

Segundo ele, está esgotada a atual estratégia de desenvolvimento nacional, baseada na massificação do consumo, no aumento da renda popular e na produção e exportação de commodities – ou seja, produtos primários pouco transformados.

Ele acredita que esse modelo “permitiu resgatar milhões de brasileiros da pobreza extrema e manteve a grande maioria de brasileiros empregados”. Porém, dependia de alguns fatores, como a “abundância de dinheiro fácil do mundo, a aceleração febril do maior mercado brasileiro, a China, e a alta no preço dos produtos primários”. “Quando essas circunstâncias mudaram, esse modelo de desenvolvimento se esgotou”, explicou.

Ajuste fiscal
Conforme o ministro, deve haver democratização da economia do lado da produção e da oferta, e não mais só do lado do consumo e da demanda. Nesse contexto, segundo ele, o ajuste fiscal deve ser entendido como “uma ponte, uma travessia” entre antiga estratégia e nova estratégia.

Unger afirma que está errada a visão de que o ajuste é feito para ganhar a confiança financeira e garantir crescimento da economia, haja visto que, na Europa, por exemplo, a austeridade fiscal se combina com a estagnação economia. “O ajuste é para que o Estado possa iniciar um processo rebelde, com primazia do trabalho e da produção sobre os interesses da rentabilidade financeira.”

Educação
O ministro salientou que o Brasil avançou no acesso à educação, mas a qualidade da educação é “calamitosa”. “Ao final do ensino médio, metade dos alunos mal consegue ler um texto. E a metade que consegue ler não consegue entendê-lo” , disse. “É uma educação baseada em decoreba e em enciclopedismo, além de ser dogmática.”

Ele defende “uma educação analítica e capacitadora”, com cooperação entre os três níveis da federação, para socorrer a baixa qualidade de ensino em determinados municípios, por exemplo. “A educação de qualidade não pode depender do local onde o aluno nasce”. Além disso, Unger aponta a necessidade de qualificação dos professores e de um vínculo maior entre a escola e a família.

Produtividade
Para a democratização das oportunidades produtivas, o ministro defende o estímulo ao empreendedorismo de vanguarda. “Faz falta no Brasil a empresa média de vanguarda, que costuma desenvolver as inovações mais radicais”, apontou. Para estimular essas empresas, a chave seria o “acesso ao crédito, à tecnologia, às práticas avançadas e aos mercados mundiais”.

Na visão dele, a agricultura familiar deve ganhar atributos empresariais, com a industrialização e diversificação dos produtos agropecuários. Além disso, Unger defendeu a reformulação da atual legislação ambiental e tributária.

Por fim, salientou que estratégia nacional só se efetiva quando houver políticas que aproveitem as vocações existentes em cada região. De acordo com ele, ainda não existe uma ação política de inovação institucional. “Esse projeto pressupõe uma presunção de grandeza, o que, para nós, é uma ideia perturbadora”, concluiu.

Reportagem - Lara Haje
Edição - Daniella Cronemberger
Agência Câmara Notícias

 

Notícias

PEC dos recursos

  Índice de reforma de decisões preocupa advogados Por Débora Pinho, Gabriela Rocha e Marina Ito   Desde que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, anunciou a polêmica Proposta de Emenda Constitucional para que as decisões passem a ser executadas a partir do...

Oitiva informal é ato extrajudicial

12/04/2011 - 13h06 DECISÃO Oitiva informal de menor pelo MP sem defensor não anula processo A oitiva informal é ato extrajudicial, no qual a ausência de defensor do menor poderia levar ao reconhecimento de mera irregularidade, não de nulidade. Assim entendeu a Sexta Turma do Superior Tribunal de...

Prova nova não autoriza ação revisional contra transação homologada em juízo

13/04/2011 - 09h08 DECISÃO Prova nova não autoriza ação revisional contra transação homologada em juízo A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) fixou o entendimento de que não é cabível ação de revisão criminal com o objetivo de desconstituir sentença que homologou transação penal,...

TJDFT alerta sobre golpe do falso cartório

TJDFT alerta sobre golpe do falso cartório  Ter, 12 de Abril de 2011 07:57 O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios alerta sobre um novo golpe que está sendo realizado em Brasília, falsamente relacionado aos Cartórios Extrajudiciais do TJDFT. O golpe consiste no envio de...

Nulidade absoluta pode ser sanada?

Extraído de JusBrasil Nulidade absoluta pode ser sanada?  Denise Cristina Mantovani Cera Extraído de: Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes - 8 minutos atrás A nulidade absoluta é aquela em que a gravidade do ato viciado é flagrante e o prejuízo é manifesto. Diante de uma nulidade absoluta, o vício...

OAB irá ao Supremo contra agendamento de conversa entre advogado e preso

Extraído de JusBrasil OAB irá ao Supremo contra agendamento de conversa entre advogado e preso Extraído de: OAB - Rondônia - 1 hora atrás Brasília, 11/04/2011 - O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), decidiu hoje (11) que irá ajuizar junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) Ação...